Caneta para emagrecer funciona?
- Dr. Gabriel Magalhães
- 26 de set.
- 4 min de leitura

A busca por tratamentos eficazes contra a obesidade cresceu muito nos últimos anos. Entre as alternativas modernas, a caneta para emagrecer ganhou destaque como um medicamento inovador e revolucionário.
No entanto, eu acho importante esclarecer que o termo “caneta para emagrecer” se tornou popular, mas não é o mais adequado. Isso porque transmite a ideia de que se trata de um produto estético ou de uso imediato para perder peso.
Na prática, essas canetas são medicações parte do tratamento da obesidade, uma doença crônica e multifatorial. Chamá-las apenas de “canetas para emagrecer” reduz sua função e ignora outros cuidados essenciais e indispensáveis para resultados saudáveis, reais e duradouros. O uso deve sempre ser visto como parte de um plano terapêutico completo, prescrito e acompanhado por um médico especialista.
Mas afinal, o que são essas canetas para emagrecer, quais existem no mercado, como agem no organismo e a principal dúvida: elas realmente funcionam?
Neste artigo, vou esclarecer essas dúvidas e muitas outras bastante comuns no consultório!
O que é a caneta para emagrecer?
A caneta é um dispositivo injetável preenchido com medicações para auxiliar na perda de peso. O formato em caneta torna a aplicação simples, segura e menos invasiva, permitindo que o paciente se automedique em casa, após a orientação médica.
Essas medicações atuam principalmente no sistema nervoso central e no trato gastrointestinal, regulando fome, saciedade e metabolismo. Porém, o uso deve sempre ser acompanhado por um médico especialista, já que cada paciente possui necessidades e riscos diferentes.
Quais são as canetas disponíveis e seus princípios ativos?
Atualmente, as principais canetas para emagrecer em uso são:
1. Semaglutida (Ozempic®, Wegovy®)
Classe: Análogos do GLP-1.
Ação: imita o hormônio GLP-1, retardando o esvaziamento gástrico, aumentando a sensação de saciedade e reduzindo a fome. Aplicação semanal.
Eficácia: perda média de 15% ou mais do peso corporal em alguns pacientes após uso contínuo, aliado a um plano estratégico de alimentação, controle de distúrbios metabólicos e comportamentais, além de mudanças no estilo de vida.
2. Liraglutida (Saxenda®)
Classe: também análogo do GLP-1.
Ação: semelhante à semaglutida, mas exige aplicação diária.
Eficácia: pode reduzir até 8% do peso corporal em 6 a 12 meses de uso contínuo, também associada ao tratamento multidisciplinar.
3. Tirzepatida (Mounjaro®, Zepbound®)
Classe: duplo agonista (GLP-1 e GIP).
Ação: além de aumentar a saciedade, há uma redução mais pronunciada do apetite, melhora do metabolismo lipídico, contribuindo para reduzir os depósitos de gordura mais resistentes; além da redução da inflamação crônica. Aplicação semanal.
Eficácia: perda média superior a 20% do peso corporal, sendo considerada uma das mais eficazes da nova geração.
4. Olire (Liraglutida, fabricado no Brasil)
Classe: Análogo de GLP‑1
Ação: retarda o esvaziamento gástrico, aumenta a saciedade e reduz a fome. Aplicação diária.
Eficácia: média de 5% a 10% de perda de peso corporal em alguns meses, variando com estilo de vida e adesão.
Diferencial: produção nacional, com custo menor do que as versões importadas como Saxenda, Ozempic e Mounjaro.
Como a caneta para emagrecer age no organismo?
Esses medicamentos atuam em áreas específicas do cérebro relacionadas ao controle da fome e saciedade, além de impactarem o metabolismo da glicose e a digestão.
Reduzem a fome → o paciente come menos.
Prolongam a saciedade → menos beliscadas, compulsão e exageros.
Auxiliam no controle glicêmico → importante em pacientes com obesidade e diabetes tipo 2.
Assim, a perda de peso não ocorre apenas pela restrição alimentar voluntária, mas pelo controle fisiológico da fome e melhorias no metabolismo.
A caneta para emagrecer funciona mesmo?

De acordo com estudos clínicos revisados pela FDA e pela ABESO, a resposta é sim. De acordo com a minha experiência no consultório, a resposta também é sim!
Esses medicamentos apresentam resultados consistentes quando usados corretamente e aliados a mudanças de estilo de vida. O que eu quero dizer com isso é que a eficácia no emagrecimento e na manutenção do peso perdido dependem de:
Adesão ao tratamento (seguir corretamente as doses e orientações médicas).
Associação com mudanças de hábitos (alimentação equilibrada, atividade física, terapia, quando necessário, controle do estresse, melhora da qualidade do sono, entre outros cuidados).
Acompanhamento médico regular (ajustes de dose, controle de efeitos colaterais, exames de acompanhamento).
Sem essas medidas, o risco de recuperar o peso após a suspensão do medicamento é elevado.
Segurança e efeitos colaterais
Embora eficazes, as canetas para obesidade podem causar efeitos colaterais, principalmente no início do tratamento:
Náuseas e vômitos.
Diarreia ou constipação.
Dor abdominal.
Em casos raros, pancreatite e alterações na vesícula biliar.
Por isso, o uso deve ser individualizado, evitando automedicação. A escolha da medicação, a dose e o tempo de tratamento variam conforme cada paciente.
Tratamento duradouro e seguro
A obesidade é uma doença crônica, e como tal, exige tratamento contínuo. Assim como hipertensão e diabetes necessitam de medicação prolongada, o uso da caneta para emagrecer pode se estender por meses ou anos, sempre sob supervisão médica.
Falo isso, pois temos que agir sobre todos os aspectos que influenciam no ganho de peso do paciente e isso requer tempo e dedicação. Então, é comum mantermos uma dose de manutenção, até que o paciente esteja pronto para o “desmame”.
O segredo do sucesso está na combinação de medicação e estratégias com apoio multidisciplinar (médico, nutricionista, educador físico e psicólogo, por exemplo).
Conclusão
A caneta para emagrecer funciona, sim, e já é considerada uma revolução no tratamento da obesidade. No entanto, não é uma solução mágica: ela precisa estar associada a um plano integral de saúde, para garantir resultados duradouros e seguros.
Se você está pensando em usar a caneta para emagrecer, converse com um médico. Ele vai avaliar seu histórico, seus riscos e indicar a melhor opção para o seu caso.
Se precisar de orientação, conte comigo!
Um abraço,
Dr. Gabriel Magalhães
Médico CRM RJ-1040731 SP-219487
Especialista em Medicina da Família RQE 134280
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